Escola abre discussão sobre legalização da maconha e viraliza

dudatacon/Twitter

A estudante Maria Eduarda Tacón, de 18 anos, mora em Feu Rosa, no município de Grande Vitória, e está no 3º ano do Ensino Médio. Ela não esperava que um post feito no twitter fosse ter a repercussão que teve, mas não é para menos, pois a foto que ela publicou do mural da escola tinha um tema que ainda é um tabu: a discussão sobre a legalização da maconha.

A Escola Estadual de Ensino Médio Marinete de Souza Lira propôs um debate sobre a legalização da maconha e a discussão instigou os comentários de vários alunos e chamou atenção nas redes sociais. De acordo com o portal de notícias do G1, a postagem de Eduarda passou de 50 mil curtidas, 35 mil compartilhamentos e 557 comentários. “Não é fazer apologia, moramos em um bairro onde tráfico acontece. E a escola é local para esse tipo de discussão”, declarou. “É importante trazer o debate do dia a dia para a sala de aula. Isso é esclarecedor, educativo e saudável”.

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O mural, originalmente apenas para alunos do 1º ano do ensino médio, ficou tão famoso na escola que acabou sendo abordado por todas as turmas. A ideia é fazer outros debates como esse quando os alunos voltarem das férias. Maria Eduarda acredita que política também é um tema que merece ser discutido. “Vivemos um momento em que essa discussão é importante. Alguns alunos não tem muita noção do que está acontecendo no nosso país. Precisamos discutir”, contou.

De acordo com a diretora da escola, Graziely Ameixa Siqueira, foram os próprios alunos que levantaram o tema após assistirem um especial sobre o assunto no Profissão Repórter, programa da Rede Globo. Após a colocação do mural, os alunos devem escrever uma redação levantando os prós e contras da legalização da maconha e entregar ao retornarem às aulas. Para fechar o ciclo, eles assistirão uma palestra sobre o tema, ministrada por policiais civis.

“Iniciamos um programa sobre protagonismo juvenil e queríamos que os alunos trouxessem assuntos do dia a dia deles para a sala de aula. A ideia é que a gente não trate apenas de matemática, português… precisamos falar também de assuntos que fazem parte do dia a dia deles, ainda mais em um bairro vulnerável”, explicou Graziely.

 

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Antes de falar sobre a legalização da maconha, os alunos já haviam discutidos temas como violência contra a mulher e homofobia. “Muitas alunas manifestaram que sofreram abusos e, com o debate, elas conseguiram ter voz e mudaram a realidade. Ajudamos essas meninas”, relembrou. Já no debate a respeito de homofobia, um dos alunos assumiu que era homossexual e o pai o tirou da escola. A coordenadora declarou que a intenção é levantar essa discussão e esclarecer dúvidas.

Entre os comentários a respeito da legalização da maconha, a minoria era engraçado, pois na maior parte das vezes, os alunos se envolveram no tema com seriedade. “Por exemplo, o aluno que disse que a vida dele é uma droga, realmente está passando por um problema familiar e, com o debate, conseguimos identificar isso e ajudar ele”.

Agora, a escola quer que os alunos participem cada vez mais de debates e que outros sejam tão bem-sucedidos quanto os anteriores. “Estão empolgados em discutir. Foi como se tivéssemos empoderado eles. Querem muitas outras discussões. Este é o protagonismo juvenil”.

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