As maiores coleções em linha reta de Pernambuco

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Quase 60 mil cartões telefônicos, mais de 2 mil canetas vazias e muito mais. A paixão em acumular o que, para muitos, não tem valor

Tudo começa com o acúmulo de determinado tipo de objeto. Que vai aumentando até se tornar uma mania, ou hobby, como preferem os colecionadores. A coleção é ressignificada, ganha contornos passionais pelo que é catalogado. De que outra forma explicar o que leva alguém a possuir 58 mil cartões telefônicos?

Seu Rômulo Moura, 76 anos, é telecartofilista (colecionador de cartões telefônicos) e dono de uma banca há mais de 40 anos no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Começou a colecionar cartões telefônicos em meados da década de 1990. Destacava os que achava mais bonitos, interessantes ou que faziam parte de alguma edição especial. Quando se deu conta, constatou que sua coleção beirava os 60 mil exemplares, oriundos do Brasil e de diversas partes do mundo. “Tenho cartão dos Estados Unidos, da Argentina, Suécia, França, Rússia, China, Israel e Egito”, enumera orgulhoso, explicando que, para adquirir os “importados”, contava com a ajuda de uma amiga, que os enviava.

Ricardo Fernandes/DP
Ricardo Fernandes/DP

Durante muito tempo, aos sábados, se reunia com outros colecionadores de cartões e fazia troca dos repetidos, compras e vendas, tal qual os amantes dos álbuns de figurinhas. Hábito que acabou se desfazendo com o passar dos anos e graças ao crescente desuso dos cartões em ventura da popularização dos celulares.

Colecionar cartões telefônicos, conta, nunca foi um hábito dos mais caros. Coleções vindas da Europa, com seis cartões, por exemplo, custavam no máximo R$ 50.

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“Eram séries que formavam paisagens ou outras figuras do lugar”, explica. Na internet, é possível encontrar cartões custando mais que R$ 1 mil a unidade, de coleções lançadas com poucas repetições de exemplares, na maioria, de no máximo 50. O dinheiro, no entanto, não deixa Rômulo tentado. “Por enquanto, não pretendo me desfazer da coleção. Só se alguém me oferecer muito, mas muito dinheiro mesmo”, conta.

O otorrinolaringologista Edson Bergamo iniciou sua coleção de forma parecida. Recebia muitas canetas de fabricantes de medicamentos, parte delas gostava e começou a guardá-las.

Dessa forma, chegou às quase 2 mil unidades que se aglomeram na parede por trás da mesa em que atende no consultório, no bairro da Boa Vista. O número é uma estimativa, já que o nunca conseguiu terminar de contá-las. “Um dia comecei, mas aí o telefone tocou e perdi as contas. Vou ter que fazer uma estimativa com base no espaço, como fazem os bombeiros”, brinca.

Ricardo Fernandes/DP

Na coleção, o médico não conta com exemplares especiais, dos quais guarda recordações importantes. Depois que começou a colocar decorar a parede, amigos e pacientes passaram a entregar-lhe canetas para aumentar a coleção. “Foi acumulando e o pessoal começou a ver. Desde então, nunca mais comprei uma caneta. Sempre uso até secar e depois junto com as outras”, explica o médico, que exalta o colorido que elas deram ao consultório. “Fica bonito. Só mostra um pedacinho de cada uma”.

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Quando hobby e fé se misturam

O pastor anglicano Sérgio Andrade, 49, iniciou no México, em 2002, uma coleção que não para de crescer. Um amigo colecionava pratos do mundo inteiro e pediu um mexicano. Ao lado do prato, comprado por Andrade, uma cruz lhe chamou atenção. “Foi a primeira, de 350”, resume. Todas colocadas em uma duas paredes de sua sala na Catedral Anglicana da Santíssima Trindade.

Sabendo da coleção do pastor, os amigos, quando querem lhe dar um presente, são certeiros. “Do total, umas 300 cruzes, no mínimo, eu ganhei. Muitos amigos compram em viagens. Quando faço casamentos também acabo ganhando de lembrança”, relata.

Ricardo Fernandes/DP

Além de expressar a fé, o hobby acaba sendo uma “pequena viagem” pelo mundo. Cruzes da América Central, explica o pastor, normalmente vêm com desenhos de plantações, enquanto as de Israel são feitas com madeira de oliveira, árvore característica do país. As chilenas vêm com uma lápis-lazúli – pedra semipreciosa, típica do país.

Já cruzes as cubanas têm Jesus Cristo representado como um negro, forma de dar representatividade à maioria da população local. “São mais de 75 países representados. As cruzes expressam não só a fé, mas a cultura de cada local. Justamente por isso, não consigo ter uma favorita. Todas são especiais”, ressalta.

5 coleções inusitadas pelo mundo

Caixas de cigarro

O Chinês Wang Guohua possui nada menos que 30 mil caixas de cigarros, coletadas em 100 empresas de 10 países, na coleção iniciada em 2003

Bonecos de Pokémon

Uma coleção que deixa qualquer jogador de Pokémon Go com inveja. São mais de 12 mil bonecos dos monstrinhos na coleção da britânica Lisa Courtney

Canecos de Cerveja

Ele não bebe, mas isso não impediu o agricultor alemão Heinrich Cut de ter uma coleção com mais de 20 mil canecas de cervejas, somadas desde 1997

Papais Noéis

Todo dia é natal na casa norte-americana Sharon Badgley, dona de uma coleção de mais de 6 mil bons velhinhos, que povoam até o banheiro

Câmeras de Vídeo

O grego Dimitris Pistiolas é detentor de uma coleção de cinema. São quase mil câmeras de vídeo coletadas até nas décadas de 50 e 60

João Vitor Pascoal

João Vitor Pascoal

Repórter

João é repórter do Diario desde 2014. Como estagiário, escreveu para a editoria de Política, antes de compor a equipe de dados, no CuriosaMente.

Ricardo Fernandes

Ricardo Fernandes

Fotógrafo

Ricardo é fotógrafo do Diario de Pernambuco