A selvagem explosão de sucesso da Catuaba

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Inspirada em filme e tema de música, a Catuaba Selvagem vendida como afrodisíaca, é uma das queridinhas das festas do Recife e chega a quatro países em 2017

Apesar de ter explodido apenas no carnaval de 2016, a catuaba existe no mercado há mais de 20 anos. Desde 1992, a bebida conquista espaço e hoje toma conta das festas com público jovem e ganhou até música. Para quem não a conhecia, a música Vai Embrazando, do paulistano MC Zaac, foi um dos quesitos que abriu as portas para ela ter ainda mais sucesso. Com um ar de provocação sensual e alardeada como afrodisíaca, a catuaba nacional também se prepara para novos voos, com exportação para os Estados Unidos, Argentina e Porto Rico prevista ainda para 2017.

“Se juntou com a amiga
E foi lá pra casa
Abre a geladeira
Pega a catuaba”

Inspirada pelo filme Instinto Selvagem, com Michael Douglas e Sharon Stone, também de 1992, a bebida traz um apelo sexual no rótulo, que contém a imagem de um homem musculoso carregando uma mulher guerreira nos braços, desenhado por José Luiz Benício – um dos mais celebrados ilustradores brasileiros. “A trama serviu de inspiração para a escolha do nome e de toda a aura de sensualidade que a envolve. Entendendo a embalagem como primeira e mais importante peça de comunicação. Procuramos Benício e, com habilidade, ele conseguiu imprimir ao rótulo o posicionamento da marca. O resultado foi uma ilustração icônica que é a própria identidade do produto”, comenta Mozart Rodrigues, sócio e diretor do grupo Arbor Brasil, proprietário do rótulo.

Catuaba Selvagem / Divulgação

Antes, a bebida era vendida apenas em bares, mas com o aumento de 55% nas vendas no ano de 2016, houve a expansão da distribuição do produto para hipermercados, supermercados e atacarejos. “Até os anos 2000, a Catuaba Selvagem era vendida quase que exclusivamente em bares, no mercado de doses. A ampliação para o varejo permitiu sair de uma venda de 1,1 milhão de caixas em 2000 para 2,6 milhões em 2016”, afirma Mozart. Até julho de 2017, o crescimento de 30% foi registrado, chegando a alcançar 3,8 bilhões de litros. A produção aumentou em cerca de 40%, tornando a Catuaba Selvagem responsável por metade do lucro da Arbor Brasil.

A bebida é  produzida numa fábrica em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Distribuída em garrafas de plástico de 600ml e 1 litro, a bebida contém o vinho tinto – produzido pela própria empresa – suco de maçã, extrato de catuaba, guaraná e marapuama. Para aqueles que não sabem, Catuaba é o nome vulgar da árvore que habita matas pluviais da encosta atlântica, da Bahia a São Paulo. Tanto ela quanto os outros elementos da bebida composta, o guaraná e a marapuama, estão em qualquer lista dos chamados estimulantes naturais, o que não é necessariamente sinônimo de afrodisíaco.

Catuaba Selvagem / Divulgação

Tradicional

Catuaba Selvagem / Divulgação

Açaí

Catuaba Selvagem / Divulgação

Mel e limão

Google Trends mostra aumento de interesse

O Google Trends, a ferramenta que controla a pesquisa de assuntos e palavras específicas na internet, mostrou o aumento de interesse dos internautas pela Catuaba, a partir de fevereiro de 2016. O gráfico, que mostra a pesquisa relacionada a palavra dentro dos últimos cinco anos, revela apenas 6 pontos em setembro de 2012 contra 100 pontos, chegando ao pico de popularidade, em maio de 2017. 

crescimento da catuaba

Diversidade da planta

Erythroxylum é um gênero botânico pertencente à família Erythroxylaceae, também conhecido popularmente como Catuaba. Todas as partes da planta são utilizadas, desde o caule até as folhas e os frutos. Além da produção da bebida alcoólica, a catuaba também é utilizada em tratamentos medicinais e na produção de refrigerantes do tipo cola. A catuaba faz parte da família de plantas também usadas na produção de cocaína. 

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Recife Selvagem

A noite recifense é selvagem. A catuaba é, em disparada, uma das bebidas preferidas dos jovens e adultos que frequentam as festas realizadas por produtores locais. Perdendo apenas para a Skol Beats, a Catuaba Selvagem fica em segundo lugar, com uma diferença de apenas três votos, em pesquisa realizada por Orlando Dantas, um dos produtores da festa Carola. A enquete, lançada ao público alvo da festa com a pergunta “Se a festa for open bar, qual bebida não pode faltar?”, realizada no dia 06 de julho de 2017,  registrou que 53,3% dos usuários votaram na catuaba como bebida essencial para o open bar.

O que não pode faltar em uma festa open bar?

pessoas responderam a pesquisa

votaram na catuaba

votos de diferença em relação a Skol Beats

Um dos motivos pelos quais a catuaba tem presença praticamente fixa nas festas é o valor da bebida. Para Orlando, o custo x benefício é muito maior comparado a  qualquer outra bebida. “Como a festa já existe há muito tempo, desde 2013, conseguimos comprar uma garrafa de Catuaba, direto do revendedor, a R$9 – em contrapartida do preço nos supermercados, que custa R$17 o litro – e isso acaba resultando em mais quantidade para o público aproveitar no open bar. Apesar de estar aumentando o preço de compra por conta da popularidade da bebida, ainda vale a pena”, explica o produtor.

Além do preço camarada, o fato da catuaba ser uma bebida pura, que não precisa ser misturada com outras bebidas, acaba atraindo os consumidores. Muitas vezes usadas nos famosos shots, direto na boca, na entrada e durante as festas, o preço e popularidade da bebida atrai mais público para as edições. O sabor doce, principalmente nas versões de açaí e mel e limão, agrada o paladar pelo fato de não evidenciar o gosto excessivo de álcool – apesar de possuir teor alcoólico de 16%.

Para Daniela Del Rio, de 22 anos, a ressaca da Catuaba é o único ponto negativo da bebida. A mistura do vinho, com a catuaba e o guaraná resultam em dor de cabeça e muita sede no dia seguinte a ingestão. “É uma bebida que tem muitos atrativos, como por exemplo, o preço. Mas, o gostinho doce acaba enganando você e dependendo da quantidade dá até pra ter aqueles apagões. Quanto mais você bebe, e não sente muito o gosto do álcool, pior é a sua ressaca no dia seguinte. Dor de cabeça e sede são os que aparecem primeiro e vêm pra ficar. Já a fase de vomitar e os enjoos aparecem depois”, conta a estudante. 

Eduarda Bagesteiro

Eduarda Bagesteiro

Repórter

Eduarda é estudante da Universidade Católica de Pernambuco e estagiária do Diario desde março de 2017.