Cidades brasileiras oferecem geladeiras solidárias, com alimentos gratuitos a quem precisa
Desde novembro de 2015, uma geladeira solidária posta na Rua Goiás, no centro de Divinópolis (MG) é preenchida por alimentos doados pela comunidade, que também pode consumi-los gratuitamente. O autor da iniciativa foi o empresário Marcelo Duarte, que descobriu a existência de um projeto similar na Europa. “O Brasil desperdiça 41 bilhões de toneladas de alimento por ano. O objetivo da geladeira é, além de evitar que comida seja jogada fora, possamos alimentar as pessoas e trabalhar o espírito de amor e compaixão pelo próximo”, explica. Geladeiras com a mesma finalidade já estão nas ruas de Salvador (BA) e Taubaté (SP).
Marcelo acredita que o sucesso da iniciativa, explicitado pela geladeira sempre limpa e cheia de alimentos, apesar de sempre ter estado em espaço público se deve ao envolvimento das pessoas. “Para começar o projeto e comprar a geladeira foram dez amigos. O dono da loja nos vendeu a geladeira nova por um preço muito abaixo do que ela valia, foi a 11ª pessoa a colaborar. Quando precisamos de uma logomarca, uma agência de publicidade cedeu e foi a 12ª. Para adesivar, uma empresa de adesivos apareceu e fez tudo de graça. O suporte da geladeira foi entregue por uma serralheiro, a 14ª pessoa”, comenta.
Após ser divulgado em vários veículos de comunicação da cidade, o projeto ganhou a adesão da comunidade. “Há uma senhora que sempre coloca alimentos e me diz: ‘essa geladeira virou minha terapia’. As pessoas conseguem se renovar com esse projeto. Uma corrente do bem tem resultados incontáveis. Hoje, até supermercados fazem doações”, coloca Marcelo.
Dentre as regras para doação de produtos à geladeira, está a obrigatoriedade de entrega de produtos embalados, com data de validade exposta, e a proibição do depósito de alimentos crus ou perto de vencer e de bebidas alcoólicas. Recentemente, uma nutricionista voluntária deu dicas de manuseio, preparo, disposição, validade e acondicionamento dos alimentos. A geladeira não se destina apenas a mendigos. “Qualquer um pode tirar a comida e doá-la. O que serve para um, serve para todos”, completa Marcelo.
Nenhum incidente de depredação da geladeira foi registrado. “Quando comecei o projeto escutei comentários muito negativos. Havia até quem dissesse que colocariam veneno nos alimentos. É preciso acreditar nas pessoas. A gente estava tão conectado em pensamentos positivos que coisas ruins nunca aconteceram. Espero que repitam a iniciativa em outras cidades do país”, torce Marcelo.