Um Drácula no Sertão

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Filme pernambucano apresenta um híbrido entre o Lampião nordestino e a versão clássica do vampiro Drácula, numa ficção como nenhuma outra

 

Sempre presente no imaginário do povo nordestino, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, é alvo de teorias das mais variadas – tem quem duvide até de sua morte, oficialmente registrada em uma emboscada em Angicos, em Sergipe. Um Rei do Cangaço imortal se faz real no curta Conde Virgulino, curta-metragem inspirado em um conto de ficção, que mistura símbolos regionais e a cultura europeia – do Drácula de Bram Stoker, de 1897 – em um personagem nordestino como nenhum outro.

“Eu trabalhei dentro da linha de um realismo fantástico. São dois personagens marcantes na nossa história. Virgulino, Lampião, tirava sangue das pessoas com seu punhal. Já o Drácula era louco por sangue e o tirava com o dente”, explica Valdir Oliveira, autor do conto e diretor do curta. A produção, filmada em Belo Jardim, a 200 km do Recife, traz um protagonista com carga de remorsos pelos possíveis crimes praticados. Ele vive em uma caverna com morcegos e peregrina, principalmente em dias de lua cheia, pelo Sertão nordestino. Além disso, traz consigo a brutalidade e a força do lampião misturadas ao porte e sedução do Drácula.

Em uma das noites de peregrinações do Conde Virgulino, ele invade um casebre que fica em uma região afastada e acaba conhecendo Isabela, personagem reprimida pelo pai, um viúvo, que a tranca em casa com o intuito de “protegê-la”. A partir daí, os dois começaram uma história iniciada por estranheza, medo e regada por sedução: “Apesar de ser o Lampião e possuir uma forma rústica, ele tem um porte de lorde. Isabela acredita que ele se apaixonou por ela, mas acredito que ele seja meio sacana”, explica Melissa Baraúna, 23, atriz que vive Isabela. Assim como Melissa, Valdir, o autor da obra, também não acredita fielmente nos sentimentos do vampiro pela jovem. Entretanto, seu intérprete, Washington Machado, 27, defende o personagem: “Ele não é o único que se aproveita, ela também se aproveita dele. Ambos vivenciam um jogo”, afirma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A história ainda conta com o antagonista Antônio, pai de Isabela, agricultor que leva uma vida dupla. “Ele mistura uma vida de fantasia, regada a bebidas e mulheres, e uma vida real, como pai viúvo que quer proteger a filha”, comenta Roberto Vasconcelos, 47, ator que dá vida ao personagem.
Como as gravações foram feitas no interior pernambucano, elas proporcionaram uma troca com os moradores e possibilitaram assistir à reação dos residentes ao descobrir o personagem inusitado. “Quando eles descobriam que o Conde Virgulino era uma mistura de Lampião com um vampiro, estranhavam e achavam engraçado”, conta Melissa. O curta está em pós-produção e ainda não tem data para exibição.
Valdir Oliveira/ Divulgação
Mayra Couto

Mayra Couto

Repórter

Mayra é estudante de jornalismo da AESO. É estagiária do Diario desde janeiro de 2016, na equipe de dados do jornal, no projeto CuriosaMente. Não tem medo de vampiro, mas anda com alho no bolso, por via das dúvidas…