Síndrome de sono faz jovem dormir por seis meses
Uma inglesa de 22 anos foi acometida de um raro distúrbio que já a fez dormir por seis meses. Chamada Síndrome de Kleine-Levin, a doença é pouco conhecida, atinge mais adolescentes e dura cerca de 13 anos, causando grandes transtornos nos estudos e na vida pessoal. O distúrbio faz com que Beth Goodier durma 22 horas por dia, acordando apenas para se alimentar e ir ao banheiro. De acordo com a mãe, Janine, nem mesmo remédios ou barulhos conseguem tirar Beth de seu sono. “Ela pode acordar amanhã, e então acontece uma corrida contra o tempo para viver a vida que ela deveria ter. Ela se apressa para falar com os amigos e arrumar o cabelo, mas ninguém sabe quando ela vai adormecer novamente”, relatou ao jornal britânico Daily Mail.
A exaustão de Beth começou aos 16 anos, idade mais comum para incidência da síndrome, até que uma noite ela dormiu no sofá e não acordou de jeito nenhum. De acordo com Janine, ao tentar despertá-la, a adolescente apenas resmungava incoerentemente com uma voz infantil. Na época, Beth se recuperava de uma crise de amigdalite. A equipe médica que a atendeu suspeitou de uma relação entre a infecção e o distúrbio, acreditando que esta poderia ter iniciado uma inflamação no cérebro que poderia danificar as regiões associadas ao sono.
A síndrome fez com que Beth tivesse que desistir da faculdade de psicologia e que Janine abandonasse o emprego para cuidar dela. Além da mãe, Beth também conta com o apoio do namorado Dan, a quem conheceu em 2013, durante uma fase em que esteve totalmente desperta. “Ele vem visitar e senta-se com ela quase todo dia, conversa com ela e espera que ela volte. Quando ela está acordada, eles continuam seu relacionamento normalmente – ele é um bom homem”, avalia. Apesar disso, o despertar de Beth não costuma durar mais que duas semanas. “Todas as vezes você reza para que seja o último episódio, e de repente seu coração afunda ao perceber os sinais voltando: A voz dela retrocede, a luz e o som começam a incomodar e ela se foi novamente”, conta.
De acordo com o neurologista Guy Leschziner, a diferença da síndrome para outros distúrbios do sono é que esta também dá sinais de mudanças na personalidade dos jovens. “Eles se sentem como se estivessem em um estado de sonho muito separado do mundo ao seu redor e isso tem um impacto massivo em suas vidas. Quando acordam e percebem o que perderam, eles podem ficar depressivos e ansiosos”, explica. A síndrome, ele conta, não é terminal, mas faz com que os jovens percam anos importantes de suas vidas.
Uma página no Facebook administrada pela mãe de Beth publica relatos de sua doença e tem mais de 4 mil curtidores. “O último episódio da síndrome durou mais de três meses, o segundo mais longo até agora. Já é quase Natal, então por favor, melhore logo Beth”, diz uma publicação. Ela também possui um canal no YouTube com diversos vídeos a respeito de seu distúrbio.