Ritmo da respiração afeta suas memórias e emoções

Giulia Marotta/Pixabay

Respirar pode afetar diretamente as sensações de cheiro, memória e emoções, de acordo com um estudo da Northwestern University. Pela primeira vez, cientistas descobriram que o ritmo da respiração gera uma atividade elétrica no cérebro que influencia e aprimora a percepção, organizando a atividade de células em diversas regiões do cérebro para ajudar a elaborar comportamentos complexos no ser humano.

A equipe de pesquisa gravou a atividade elétrica diretamente da superfície do cérebro de sete pacientes em avaliação para cirurgia no lobo temporal para tratar epilepsia resistente a medicamentos. A estrutura cerebral, localizada na parte lateral do órgão, é responsável pelo gerenciamento de memória. Três regiões foram foco do estudo: o córtex piriforme, que processa as informações de cheiro, o hipocampo, área crítica na formação de memórias, e a amígdala, que é crucial no processamento de emoções.

A respiração pela boca e pelo nariz também influenciou os resultados: oscilações lentas no córtex piriforme e de rápida frequência no hipocampo e amígdala estavam associadas ao ritmo espontâneo e natural da respiração. Portanto, o ar que entra pelo nariz durante a respiração natural sincroniza-se com a atividade dos neurônios no córtex piriforme e essa sincronia é propagada à amígdala e ao hipocampo. Enquanto respirar pela boca leva à diminuição no acoplamento das ondas cerebrais. O ato de inspirar e expirar também gera efeitos distintos: as três regiões do cérebro estavam mais sincronizadas logo após os pacientes inspirarem e menos enquanto expiravam.

Os pesquisadores também conduziram uma série de testes comportamentais para investigar se a respiração tinha alguma influência no processo. Para isso, 21 participantes saudáveis foram recrutados. Eles tiveram que ver imagens expressando medo e surpresa em uma sucessão rápida e identificar a emoção em cada uma delas o mais rápido que pudessem. Um outro grupo de 75 pessoas, também saudáveis, participou de uma atividade para testar a memória visual, no qual observou duas séries de imagens com um intervalo de 20 minutos entre ambas, tendo que identificar, na segunda, as imagens que já haviam visto na primeira.

Os participantes conseguiam identificar expressões de medo mais rapidamente se eles a tivessem visto enquanto inspiravam. A probabilidade de lembrar de uma imagem também era maior durante a inspiração do que na expiração. Esse efeito, entretanto, não se aplicava quando os participantes respiravam pela boca. “Quando você inspira, estimula neurônios no córtex olfativo, na amígdala e no hipocampo”, disse a condutora do estudo, Christina Zelano, ao jornal britânico The Guardian. “Em um estado de pânico, sua respiração se torna mais rápida e, como resultado, você passa mais tempo inalando. Isso pode ter um impacto positivo na função cerebral e resultar em respostas mais rápidas a estímulos perigosos no ambiente”.

Respiração ajuda a diagnosticar doenças graves

Cientistas dos Estados Unidos desenvolveram um sistema capaz de identificar 17 doenças diferentes a partir da respiração: um dispositivo que utiliza nano-raios para determinar a composição química da respiração de uma pessoa. A partir disso, o aparelho consegue definir características de 17 doenças graves, de câncer nos rins à síndrome de Parkinson. Isso ocorre porque o ar exalado contém nitrogênio, dióxido de carbono e oxigênio, assim como pequenas porções de mais de 100 compostos químicos e a proporção de cada substância varia de acordo com o estado de saúde. “Nós descobrimos que da mesma forma que cada um de nós tem impressões digitais únicas, cada doença estudada tem uma impressão respiratória única, como uma assinatura de componentes químicos”, disse o autor do estudo, professor Hossam Haick, ao jornal britânico Telegraph.

A nova tecnologia permite que um dispositivo em forma de bafômetro detecte doenças de uma forma não invasiva a um custo de 24 libras (aproximadamente R$ 96). Outros sistemas parecidos já foram desenvolvidos antes. No entanto, esta é a primeira vez que um aparelho consegue diagnosticar doenças múltiplas.

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