Pombos: os “ratos alados” que parecem inocentes

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Transmissores de doenças, os animais são tratados como pragas urbanas pela academia, ainda que população veja beleza nos cenários repletos dos animais. Foto: Rafa Medeiros/Arquivo PCR

 

Abrigo, comida em abundância e ausência de predadores. Esses três aspectos propiciam aos pombos uma vida boa no Recife. Fatores que contribuem para tornar a espécie uma verdadeira praga urbana. “Ele se encontra no mesmo grupo dos ratos, baratas e escorpiões. A diferença é que esses outros animais causam repulsa, já aos pombos, as pessoas dão comida, acham bonitinho, mas eles também são perigosos e podem disseminar doenças”, explica Severino Mendes Junior, especialista em aves e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

A principal doença causada pelos pombos é a histoplasmose, transmitida por um fungo presente nas fezes do animal. “As fezes secam e podem se misturar no ar, sendo aspirada e levada até o pulmão e até ao sistema nervoso central”, explica Heloísa Ramos, médica infectologista e professora do Departamento de Medicina Tropical da Universidade Federal de Pernambuco.

Outro fungo dos excrementos dos pombos é agente causador da meningite. “Os pombos se proliferam e as pessoas, sem perceber, acabam inspirando esse fungo.

Ambas as doenças são de muito difícil tratamento e diagnóstico”, completa Heloísa, apontando ainda as pessoas portadoras de HIV, usuárias de corticoide – além de outros fatores que causam queda de imunidade – como as mais vulneráveis às doenças.

Inês Campelo/DP

Imigrantes

Pombos vieram da Europa para a América do Sul no período da colonização, por volta do século 16

Inês Campêlo/DP

Monogamia

Os “pombinhos” como símbolo do amor não é por acaso. A espécie é monogâmica, ficando com um único parceiro ao longo da vida.

Filantrópicos

Estão entre as espécies que se aproveitam da coabitação humana para viver

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Tempo de vida

Na cidade, vivem entre 3 e 5 anos. Na natureza, ultrapassa os 10 anos

Inimigos de carros e estátuas

Com muitos ácidos em seu processo de digestão, os pombos eliminam excrementos prejudiciais a estátuas e pinturas de carros, que devem ser limpos imediatamente, uma vez que a substância vai penetrando as camadas da superfície, o que é acelerado com a incidência de sol e chuva.

Velocidade máxima

Mendes Junior aponta que a “praga” dos pombos se deve muito ao salto populacional ocorrido ao longo das últimas décadas nas grandes cidades, caso do Recife.

“Temos muito lixo nas ruas, restos de comida e muito abrigo para eles em prédios, por exemplo. E ainda há as pessoas que dão alimentos a eles, isso ajuda no aumento da população”, aponta.

Por essa razão que praças e praias são alguns dos locais favoritos dos pombos para ficarem ao longo do dia, por conta da alta incidência de restos de alimentos. Outros locais de atração da espécie são o Porto do Recife e as fábricas de grãos.

“É preciso aprimorar a questão do armazenamento de grãos. No Porto do Recife, por exemplo, já cheguei a contar mais de mil pombos, enquanto no de Suape, que é mais moderno, contei doze”, explica.

Locais com grande incidência de pombos

Praia do Pina

Praia de Boa Viagem

Praia de Piedade

Rua do Imperador

Praça do Diario

Conjunto Residencial Marcos Freire

Proximidades da UFRPE

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Reprodução

Procria até cinco vezes por ano, a partir do segundo ano de vida. Em cada ninhada, nascem um ou dois pombos – na cidade, um casal pode ter até 40 filhotes ao longo da vida.

Incidência

A época de maior incidência das doenças é o inverno, quando as pessoas ficam em ambientes fechados. O combate inclui a retirada de ninhos e limpeza das fezes, que devem ser umedecidas antes da limpeza.

João Vitor Pascoal

João Vitor Pascoal

Repórter

João é estudante de jornalismo da UFPE. Estagiário do Diario desde 2014, escreveu para a editoria de Política, antes de compor a equipe de dados, no CuriosaMente.