Os nomes mais populares de Pernambuco em todos os tempos

Ed Wanderley/DP

Pode parecer distante da realidade atual, mas Quitéria já foi um dos nomes mais populares de Pernambuco. Além disso, você deve ter tios ou avós batizados de Manuel, Amaro(a), Sebastião ou Cícera(o) em sua árvore genealógica, correto? Essas são algumas das probabilidades que ficam mais fortes com a divulgação do projeto Nomes do Brasil, do IBGE, divulgado neste dia 27 de abril de 2016. Nele, é possível verificar que o estado segue a tendência nacional quando o assunto são os nomes mais populares, como Maria, José, Ana e João – de longe, os mais comuns ao longo das décadas computadas, desde 1930. No entanto, há diferenças regionais a exemplo de Josefa, Cícero e Severina, que compõem, com expressão, o Top 20 pernambucano, mas não aparecem no ranking nacional. Outros nomes comuns no país como um todo, em todos os tempos, incluem Marcelo, Francisca ou Rafael, que não estão entre os preferidos dos nordestinos.

No estudo, é possível verificar nomes populares, até mesmo por cidades e verificar a “moda” dos pais de diferentes décadas. É possível aferir, por exemplo, que Josefa, Francisco e Paulo eram nomes fortes até o início da segunda metade do século 20, mas foram caindo em desuso no que diz respeito ao gosto popular. Outros, como Júlia e Pedro compunham o top 10 pernambucano nas décadas de 1930 e 1940, respectivamente e só voltaram a ser moda no estado entre os anos 1990 e 2000.

Se você é um jovem adulto, entre 25 e 35 anos – ou possui parentes nessa faixa etária – é muito provável que tenha em seu círculo de contatos pessoas com os seguintes nomes: Felipe, Anderson, Rafael, Aline, Bruna, Luana ou Rafaela. São os frutos do “boom” dos anos 1990, tendo como grande nome de expressão o vocativo Lucas – que nem aparece nas décadas anteriores, mas escalou direto para o terceiro lugar nesta época e só fez crescer em números absolutos. Quando a faixa etária passa para um grupo um pouco mais jovem, composto em sua maioria por adolescentes, outros nomes populares como Mateus, Vitória, Larissa, Letícia e Beatriz começam a ser popularizados com força.

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Motivações inconscientes atuam na escolha dos nomes dos filhos
Por Ana Carla Bermúdez, da Agência USP de Notícias

Para um adulto, seu nome é capaz de representar mais do que uma identificação. Às vezes, o indivíduo se reconhece de tal maneira em seu nome que este acaba fazendo parte de sua própria personalidade. Carmem Sílvia Carvalhaes de Oliveira, pesquisadora do IPUSP, buscou mostrar em sua dissertação de mestradoque os fatores que influenciam essa representação têm início muito cedo, já na escolha dos nomes dos filhos pelos pais. Segundo Carmen, o nome dado à criança representa uma inscrição na família, além de ser símbolo do nascimento. Sua pesquisa teve como objetivo principal a reflexão sobre as motivações inconscientes que atuam na escolha dos nomes próprios dos primogênitos pelas gestantes, a fim de observar o lugar que esse filho vai ocupar na família atual e na cadeia geracional.

Foram realizadas entrevistas semidirigidas com cinco gestantes e, além disso, foi solicitado que as mulheres realizassem um genograma psicanalítico. Trocas de nomes e outros erros foram vistos como atos falhos. Os genogramas forneceram informações dos legados familiares e a perspectiva do novo, perante o bebê. Os resultados obtidos demonstraram que os nomes dados aos filhos têm associação com o legado familiar, com o mecanismo de transmissão psíquica e com os conflitos intergeracionais. A escolha do nome do bebê ocorreu em função de desejos, expectativas e conflitos próprios do pai, da mãe ou de ambos. O ato de nomear os filhos com o sobrenome é também uma das formas de assumir a parentalidade, assim como de inserir a criança em sua continuidade geracional e social.

 

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