Médicos retiram “feto de irmão gêmeo” do estômago de garoto de 15 anos

BJM Case Reports/Reprodução

Um menino de 15 anos, de identidade não divulgada, foi socorrido no Hospital Sultan Abdul Halim, na Malásia, com fortes dores na região abdominal, frequentes desde o seu nascimento. Observando o inchaço do estômago do adolescente, inicialmente, os médicos achavam tratar-se de um tumor no órgão, mas, ao avaliar com mais detalhes, descobriram que o garoto abrigava um feto em sua estrutura gástrica. Ainda que rara, a situação é de conhecimento da medicina moderna, com cerca de 200 casos registrados na literatura médica mundial, mas o que chamou a atenção de todo o mundo é que o bebê em formação passou vários anos até ser descoberto no irmão-hospedeiro.

Investigando a história do garoto, descobriu-se que a sua mãe esperava gêmeos, mas, sem explicação aparente, um dos bebês sumiu do útero. Para a surpresa de todos, o irmão “não encontrado” estava no seu estômago, com couro cabeludo e órgão genital formado, com estrutura que se desenvolvia a partir do sangue do paciente. A equipe de cirurgiões do hospital escreveu o caso na revista científica BMJ Case Reports e explicou que o feto, de 1,6 kg, não tinha forma de vida independente, pois não possuía boca, placenta ou cordão umbilical.

Ao chegar ao centro médico, antes dos profissionais descobrirem do que se tratavam as dores, submeteram o jovem a uma tomografia, na qual identificaram uma massa macia e dura na parte central do seu abdômen, sendo este um sinal revelador de tumor. A hipótese só foi descartada quando perceberam que a “enorme massa intra-abdominal”, com comprimento de 23,8 cm, havia desenvolvido coluna vertebral.

“Componentes que apontavam para a existência de um feto dentro da massa incluem crânio deformado, corpo vertebral e ossos longos”, publicou a equipe no artigo. Segundo cientistas, casos como esse são extremamente raros, e, até onde se sabe, foram apenas duas centenas de gêmeos afetados no mundo inteiro. A principal causa é a má formação dos fetos na gravidez, motivada por uma separação incompleta dos irmãos e, em algumas situações, um deles “absorve” o outro. Em 80% de situações desse tipo, um dos fetos é encontrado no abdômen do irmão, mas já houve relatos de fetos até no crânio. Normalmente, o gêmeo “absorvido” não sobrevive muito tempo depois que nasce, e, caso não seja retirado, pode causar a morte do outro bebê, conforme reporta o jornal britânico Daily Mail.

BJM Case Reports Reprodução

O garoto da Malásia, por ter passado 15 anos com outro ser dentro de si, foi emergencialmente submetido à cirurgia de remoção do bebê. A equipe médica comentou a complexidade do procedimento. “A operação para remover o fetus in fetu é uma operação desafiadora, uma vez que a massa é altamente vascular com vasos de alimentação múltipla. O grande tamanho deste feto tornou a cirurgia mais difícil, pela grande possibilidade de ferir as estruturas circundantes”, escreveu o Dr. Rashide Yaacob.

O paciente ainda se recupera da operação de risco e o feto foi devolvido à família para a realização de um funeral privado solicitado pela mãe.

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