História da ciência pernambucana revela avanços sociais e até inspiração para um Nobel

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Um cientista pernambucano serviu de inspiração para ganhadores do Nobel e chegou a conviver com Albert Einstein.  Um fato pouco conhecido. Para muitos, o físico recifense José Leite Lopes é um ilustre desconhecido, apesar da grande inserção que teve na comunidade científica internacional em décadas passadas.  Ele é um dos 30 protagonistas da Caravana dos Notáveis Cientistas Pernambucanos, projeto itinerante que leva ao conhecimento do estado a ciência feita por quem atuou aqui. Na caravana, é possível descobrir, por exemplo, que o estudo desenvolvido por Lopes por pouco não chegou à mesma conclusão de três cientistas estrangeiros, em 1979, que lhes rendeu o Nobel de Física daquele ano.

“No meio científico ele era reconhecido internacionalmente. Ao receber o prêmio, os vencedores do Nobel reconheceram que o trabalho desenvolvido por Lopes serviu de base para a tese deles”, ressalta o coordenador do Espaço Ciência Antonio Pavão. A inserção de Lopes na comunidade científica era tão grande que ele chegou a conviver com grandes nomes da história da Física. “Ele vivenciou momentos com Albert Einstein e Niel Bohr. Era extremamente respeitado na sua atuação”, complementa Pavão.

Entre os 30 notáveis cientistas, apenas uma é mulher. A médica e nutróloga Naíde Teodósio, natural de Sirinhaém se destaca pelas pesquisas desenvolvidas que lhe garantiram a publicação de mais de 50 artigos científicos no Brasil e no exterior. É considerada um das pioneiras nas pesquisas em fisiologia e nutrição no estado, tendo ajudado a promover o intercâmbio de cientistas – entre eles dois ganhadores de Prêmios Nobel – com o objetivo de promover trabalhos experimentais em Pernambuco.

“O fato de termos apenas uma mulher é um reflexo de todo um contexto histórico. Os cientistas homenageados são de uma geração em que as mulheres ainda eram vistas como donas de casa, mas esse processo está em fase de superação. Há cada vez mais mulheres desempenhando papéis relevantes na ciência”, afirma o idealizador do projeto, o físico Ivon Fittipaldi.

Atualmente, a caravana é coordenada pelo Espaço Ciência, que se esforça em mostrar que Pernambuco é uma terra de cientistas, apesar de pouco se saber sobre o assunto. O projeto itinerante já percorreu, desde 2011, mais de 50 cidades atingindo cerca de 450 mil pessoas. Além das biografias de 30 dos maiores nomes da ciência pernambucana – todos já falecidos – o projeto conta com uma van e vários materiais expositivos que possibilitam a iniciação científica em todo o estado.  “Normalmente, as homenagens póstumas são para militares ou políticos, os cientistas costumavam ser negligenciados. A caravana é uma forma de modificar isso”, aponta Fittipaldi. A cada ano, três cientistas são escolhidos para compor a Caravana. Em 2015, os médicos Adonis Carvalho e Frederico Simões Barbosa, além do matemático Ruy Luís Gomes, foram os homenageados.

Conheça a história dos 30 homenageados pela Caravana dos Notáveis Cientistas Pernambucanos:

Ciências Humanas, Sociais e Letras

Ciências Exatas, da Terra e Engenharias

Ciências Biológicas e Saúde

João Vitor Pascoal

João Vitor Pascoal

Repórter

João é estagiário do Diario desde 2014, a maior parte do tempo para a editoria de Política. Admira a ciência, mas ainda se considera um pouco distante de ganhar seu (primeiro) Prêmio Nobel…