Henrietta Lacks, a mulher que gerou células imortais

Wikipedia/Reprodução

Você conhece Henrietta Lacks? A maioria de nós provavelmente nunca ouviu falar dela, mas a sua história, há pouco mais de 60 anos, viria mudar a biotecnologia para sempre. Infelizmente, ela não sobreviveu para saber disso. Henrietta desenvolveu um tumor no colo do útero, do qual foram retiradas células que hoje são reproduzidas aos milhões; elas são conhecidas como células HeLa e são utilizadas nas mais variadas pesquisas – da indústria dos cosméticos à busca pela cura do câncer. O caso foi contada pela BBC Brasil.

Ainda muito jovem, por volta dos 30 anos, Henrietta desenvolveu um tumor bastante incomum e foi levada ao consultório do Dr. George Gey, que pesquisava meios de tratar o câncer. Para isso, contudo, ele precisava fazer com que as células cancerígenas continuassem a se reproduzir fora do corpo – o que ele ainda não havia conseguido. Mas as células da amostra de tecido retirada do tumor de Henrietta para uma biópsia, por alguma razão, se reproduziam fácil e incessantemente, chegando aos bilhões espalhadas pelo mundo em laboratórios. Cientistas estimam que suas células juntas pesariam cerca de 50 milhões de toneladas. Assim, mesmo depois de ela ter falecido em decorrência de um câncer cervical, suas células continuaram sendo reproduzidas em laboratório; e hoje, lotes e mais lotes de células HeLa são reproduzidas e vendidas para laboratórios do mundo todo – tendo sido as primeiras a serem comercializadas dessa forma.

Algumas das aplicações mais famosas para as células HeLa foram o auxílio na criação da vacina contra a poliomelite, a utilização em experimentos espaciais para determinar os efeitos da gravidade zero sobre o tecido humano e a exposição à radiação em testes atômicos. Tudo isso feito sem consentimento da família Lacks, que apenas na década de 1970 soube da utilização das células de Henrietta e brigam até hoje na justiça para receberem a devida compensação financeira – além do reconhecimento de sua contribuição à ciência, ainda que involuntária. A história também foi contada no livro “A vida imortal de Henrietta Lacks”, escrito por Rebecca Skloot e publicado no Brasil pela Cia das Letras.

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