De 1985 para 2015: Os Recifes que McFly encontraria em “De volta para o futuro”

21 de outubro de 2015.
Se você estiver nos lendo, Marty Mcfly, bem-vindo a Pernambuco, pode entrar!

30 anos e tanto em comum

José Sarney era o presidente de um Brasil pós-ditadura militar no dia 26 de outubro de 1985 (quando McFly entrou na máquina do tempo em direção ao dia 21 do mesmo mês em 2015) e o estado passava por clima de eleição da Prefeitura do Recife, entre Sérgio Santa Cruz e Jarbas Vasconcelos. O que chama a atenção, na verdade, é o quão atual alguns destaques se fazem 30 anos depois. “Cura da Aids ainda está distante” poderia ser uma novidade com a doença ainda pouco conhecida, mas, ainda hoje a chamada se faz verdade. Não, McFly, ainda não há cura. No destaque econômico, previsões pessimistas do INPC, juros, inflação e foco na alta cotação do dólar – familiar?.

O Recife de 1985

População: 1,2 milhão
IDH-m: 0,576
Desemprego 9%
Taxa de urbanização: 98,3%
Região Metropolitana: 9 municípios
Recurso urbano: Primeira operação do metrô
Evento cultural de destaque: Menudos no Arruda

Sem televisores em casa, recifenses acompanharam o enterro do presidente eleito Tancredo Neves em aparelhos disponibilizados nas ruas por estabelecimentos comerciais

Sem televisores em casa, recifenses acompanharam o enterro do presidente eleito Tancredo Neves em aparelhos disponibilizados nas ruas por estabelecimentos comerciais. A TV tinha tubos, era pesada e, claro, mais fixa impossível

O Recife de 2015

População: 1,6 milhão
Desemprego 8,8%
IDH-m: 0,772
Taxa de urbanização: 100%
Região Metropolitana: 14 municípios
Recurso urbano: Compartilhamento de carros híbridos
Evento cultural de destaque: Show de Wynton Marsalis no Dona Lindu

Com o avanço da tecnologia, a TV cai cada vez mais na preferência do recifense, que, pela web, tem acesso a todo tipo de vídeo, em tempo real ou não, via mobile

Com o avanço da tecnologia, a TV cai cada vez mais na preferência do recifense, que, pela web, tem acesso a todo tipo de vídeo, em tempo real ou não, via mobile. Já os aparelhos, em si, ficaram “slim”, leves, bem finas e com possibilidades de articulação

No segundo filme da triologia “De volta para o futuro”, o jovem Marty Mcfly (Michael J Fox) salta de 26 de outubro de 1985 para um total de 30 anos à frente. Você não precisa ser bom em matemática, apenas não viver numa bolha, para saber que o dia em que ele chegou ao “futuro” é o agora. Assim sendo, decidimos conceder um tour ao nobre McFly – com hoverboard (o skate voador) ou não – pelo Recife e arredores para mostrar a cidade “futurista” e lembrar do quanto a região mudou ao longo de três décadas em um top 5 bem “presente”.

6) TVs slim, biometria, videoconferências e sapatos “automáticos”

Das predições mais corretas do filme, as TVs slim estão por toda parte e a possibilidade de videoconferências e leituras biométricas estão, literalmente, na palma de nossas mãos – do destravamento dos celulares até o Skype ou Facetime.

No entanto, uma das previsões mais simples (e, há quem diga, a melhor de todas) não se concretizou: ainda temos que amarrar os cadarços dos sapatos com laços que se desfazem.

Já há protótipos, mas a tecnologia ainda não foi popularizada, a não ser em casos de “ninjas” como este:

5) Hologramas e o Tubarão 19

Bom, a verdade é que já podemos fazer hologramas até mesmo com os nossos aparelhos celulares, mas a tecnologia ainda não é tão disseminada e, definitivamente, não ganhou as ruas do Recife. No filme, a obra de Spielberg, “Tubarão 19”, assustava a todos pelo “realismo virtual”. O cinema nunca ganhou tantas sequências e, convenhamos, estamos na capital brasileira dos tubarões – com um total de 60 ataques desde 1992. No entanto, os hologramas já são um recurso impressionante ao redor do mundo, com direito a shows lotados para ver um artista que não existe “cantar e dançar” no palco.

Sim, este Tupac (morto em 1996) é um holograma que conduziu performances no Coachela 2012. Nem McFly imaginaria…

4) Apostas em jogos

Biff volta do futuro para entregar a si mesmo, em 1955, um almanaque com todos os resultados de jogos (adaptando ao nosso caso, seria de futebol) entre 1950 e 2000 para apostar nos resultados e fazer fortuna. Tudo bem que, por aqui, apostas em jogos não são “abertas à legalidade” como em lugares como o Reino Unido, mas se não poderíamos ter sido avisados de um certo 7×1 em pleno solo brasileiro, como imaginar a vida de um jovem adulto pernambucano neste meio século se ele já soubesse disso aqui:

Náutico

campeonatos pernambucanos

hexacampeonato estadual

Santa Cruz

campeonatos pernambucanos

honraria Fita Azul

Sport

campeonatos pernambucanos

campeonatos brasileiros (séries A e B)

3) Atendimento automatizado em resturantes

Desculpe, McFly, não chegamos a esse ponto. Até tentamos, há uns anos, lanchonete totalmente automatizada na Conde da Boa Vista, mas os restaurantes ainda padecem do atendimento humano, com todas as suas simpatias e grosserias. No entanto, temos autoatendimento para tudo: bancos, operadoras de celular, internet, cartões de crédito… uma forma das companhias nos fazer desistir da ligação ao passar 15 minutos tendo que ouvir as opções de uma máquina que chega a dizer “entendi” ou “antes que eu possa te ajudar…” – há coisas melhores em sua época, Marty! Mas não por muito tempo. Na China, já tem um lugar com robôs em vez de gente e olha o que estão aprontando no Japão:

2) Hoverboard

Ilusão, Marty. Ilusão. Estamos há 30 anos esperando… Tem quem tenha feito uns ensaios, ainda longe de sua prancha e custando os olhos da cara. O mais próximo que temos no estado – e, convenhamos, já é bem legal – é isso (em Maracaípe):

1) Carros voadores

Não, McFly. Protótipos e propostas milionárias, nada além disso. Por aqui, em larga escala, o que ainda temos é:

Bônus) Michael J Fox

McFly, se você chegou aqui, a essa altura já deve ter descoberto que o mais relevante que seu intérprete fez no cinema desde você foi de dublador na trilogia Stuart Little. Foi mal, cara!