Crianças captam preconceitos até de gestos de adultos

Vito Fun/Creative Commons

Crianças são capazes de captar sinais de discriminação a partir da linguagem corporal dos adultos, de acordo com pesquisa feita pela Universidade de Washington. Segundo o estudo, crianças absorvem sinais negativos como um olhar de desaprovação e um tom de voz condescendente dos adultos e podem difundi-los para outras.

“Essa pesquisa mostra que crianças aprendem os preconceitos a partir de sinais não verbais aos quais estão expostas e isso pode ser um mecanismo para a criação de preconceito racial e muitas outras que temos na nossa sociedade”, disse a autora, Allison Skinner, ao jornal da Universidade de Washington.

Os pesquisadores mostraram um vídeo a um grupo inicial de 67 crianças entre os 4 e 5 anos. Nas imagens, duas atrizes mostravam sinais positivos para uma mulher e negativos para as outras, mesmo que realizando as mesmas atividades, como dar um brinquedo à outra. Com uma das mulheres, as atrizes falavam sorrindo, inclinando-se em sua direção e falando com um tom de voz amigável. Com a outra, faziam exatamente o contrário: faziam caretas, se distanciavam e falavam friamente. Após assistirem os vídeos, as crianças tiveram que responder perguntas como qual das mulheres eles gostavam mais e com qual delas elas gostariam de compartilhar um brinquedo. De uma forma geral, 67% deram preferência à mulher que recebeu as expressões positivas. Para evitar resultados baseados em preconceitos raciais, todas as pessoas no vídeo eram de uma mesma etnia.

Em outro momento da pesquisa, outras 81 crianças foram integradas à experiência, para identificar se esses sinais poderiam acarretar em um preconceito grupal. Para isso, elas assistiram o mesmo vídeo que as primeiras e, em seguida, foram apresentadas aos melhores amigos das mulheres no vídeo – estes eram descritos como membros de um mesmo grupo, todos utilizando camisas da mesma cor que seus amigos – e tiveram que escolher qual dos amigos elas preferiam.

Os resultados mostraram que as crianças preferiam o amigo da mulher que recebia os sinais positivos, sugerindo que o preconceito se estende além dos indivíduos para membros dos grupos com os quais eles estão associados. “É bem impressionante que essa breve exposição a sinais não verbais de preconceito foi capaz de disseminá-lo entre as crianças no laboratório”, acrescentou Allison.

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