Condenado, com base em sonho, por estupro é libertado 28 anos depois

O norte-americano Clarence Moses-El, 60, foi libertado depois de 28 anos de prisão pelo crime de estupro, em Denver, nos Estados Unidos. Um novo julgamento foi realizado na tarde da terça-feira, 22 de dezembro, e o liberou das acusações e da condenação a 48 anos de reclusão, estabelecendo nova data de julgamento do e concedendo liberdade ao homem por meio de fiança, estipulada em 50 mil dólares (R$ 175 mil). O homem foi recepcionado na rua pelos netos que não conseguiu ver nascer.

A revisão do caso foi feita a pedido da juíza Kandance Gerdes e, segundo o jornal The Guardian, a promotoria de Dever preferia deixar o caso fechado. Na época, evidências de DNA foram coletadas, mas nunca testadas, enquanto uma amostra de sangue de Moses-El não foi considerada compatível com a da cena do crime.

O caso ocorreu no verão de 1987, depois que uma mulher que bebia com três homens se despediu e seguiu para casa, mas foi vítima de violência física e sexual em seu apartamento. Ela, que teve ossos do rosto quebrados e perdeu a visão em um olho, disse inicialmente à polícia que estava muito escuro para identificar seu agressor, mas depois garantiu que teria sido um dos três homens com quem bebia. No entanto, três dias depois, alegou que reconheceu em um sonho que o criminoso teria sido o seu vizinho, Clarence Moses-El.

Ele foi condenado pelos crimes de estupro e agressão. Desde então, tentava provar a inocência. Nos anos 90, conseguiu ajuda de Barry Sheck, do “Projeto Inocência” e obteve liminar para que o exame de DNA fosse realizado, mas, após a decisão judicial, a evidência foi destruída. Foi somente em 2013 que o caso começou a mudar, quando LC Jackson, um dos três homens com quem a vítima estava antes do crime, confessou, em carta a Clarence, que manteve relações sexuais com a vítima naquela mesma noite, mas que havia sido consensual. LC Jackson cumpria pena por estupro de mãe e filha em 1992, numa residência a três quilômetros de onde morava a vítima que acusou Clarence. Ainda assim, o caso não tinha sido reaberto. Em 2015, Jackson alegou ter inventado a história, o que foi contestado por advogados.

Ao sair da prisão, disse à imprensa que tudo que queria fazer era se reunir com a família e “sentar em uma cadeira de verdade”. O novo julgamento do caso está marcado para maio de 2016.

Polícia de Denver/Divulgação