Casal luta junto contra doença degenerativa e incurável

Arquivo pessoal / Osmar Elias

Osmar e Mônica se conheceram em um dos corredores do Hospital das Clínicas de São Paulo, há quatro anos. Os dois têm doenças incuráveis e degenerativas diferentes no intestino, mas fazem o tratamento de nutrição parenteral juntos – alimentação artificial administrada por meio de uma artéria.

Em 2006, Osmar foi levado ao hospital após sentir uma dor muito forte na barriga por algumas horas consecutivas. Chegando ao local, a queimação o fez desmaiar. Quando acordou, estava entubado e com um grande corte no tórax, após passar por uma cirurgia de emergência por seu intestino ter se comprimido sem motivo aparente. Depois de passar por cinco operações, seu intestino ficou com apenas vinte centímetros, o que é muito pouco comparado com o tamanho normal que varia de cinco a sete metros. Na época, os médicos disseram que Osmar tinha 1% de chance de sobreviver. Hoje, onze anos depois, ele se tornou o paciente mais antigo a receber esse tipo de tratamento.

Já, a história de Mônica começou aos 17 anos, quando a moça percebeu que sua barriga inchava com muita frequência e os alimentos não passavam pelo processo de digestão. Após oito meses internada, os médicos ainda não tinha um diagnóstico e até hoje chama apenas de pseudobstrução intestinal. Quando a jovem começou a se alimentar através de um cateter na artéria, foi quando conheceu Osmar.

A história dos dois é contada como um romance impossível. Quando se conheceram Osmar namorava e Mônica era casada e já tinha dois filhos. “A chance da gente se encontrar era muito pequena. Ela é minha alma gêmea, a quem posso contar tudo. Eu não poderia ter encontrado uma pessoa mais compatível comigo, uma pessoa que eu gostasse mais de estar junto”, conta Osmar à BBC. Já para Mônica, a história deles é muito parecida com o filme A Culpa é das Estrelas.
A nutrição artificial recebida pelos dois acaba desgastando outros órgãos, como rins e fígado. Uma saída seria o transplante, algo extremamente arriscado que não está nos planos dos dois. “Estamos em um momento estável. Além disso, a recuperação é muito difícil porque o intestino é um órgão muito grande e complexo. Se oferecessem a cirurgia agora, de graça, a gente não faria”, contou Mônica. De acordo com especialistas, somente após esgotar as opções de terapia nutricional é que transplantes devem ser realizados nesses casos.

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