Brinquedo, não: recifenses usam meios alternativos de transporte para se deslocar no trânsito

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Skate, patins ou patinete deixam de ser vistos como artigos de lazer em nome da mobilidade e diminuem tempo de viagem em até 45 minutos

 

Para aqueles que precisam enfrentar o trânsito do Recife para se deslocar até o trabalho, faculdade ou qualquer outro lugar, o dia a dia pode ser um pouco complicado. Muito engarrafamento, ônibus lotados e até mesmo aumento de passagens são fatores que levaram algumas pessoas a trocarem os tradicionais meios de transporte pelo que muitos outros enxergam apenas como brinquedos. Skate, patins e patinete são algumas das opções que os recifenses adotaram para estudar ou trabalhar.

Givaldo Cesar, de 28 anos, se descolava da sua casa, no bairro de San Martin, na Zona Oeste do Recife, até a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) de transporte público. Com um gasto de cerca de R$ 80 mensais com passagens de ônibus e o problema de sempre ter que sair de casa uma hora mais cedo por conta dos congestionamentos, ele resolveu transformar seu hobby em um novo meio de transporte para estudar. De patins, ele conta que além do gasto mensal ter sido praticamente zerado, o tempo que leva para percorrer o mesmo trajeto foi diminuído em 75%.

“O trajeto da minha casa até a UFPE é de 5 km. Quando pegava o ônibus, o motorista fazia uma volta muito grande, passando por outros bairros, para depois eu chegar no meu destino, uma hora depois. Com os patins, eu consigo fazer um trajeto mais prático e rápido: em cerca de quinze minutos eu chego na Universidade”, conta Givaldo.

Além do tempo que se economiza com esses tipos alternativos de meios de transporte, outro fator importante é a economia no bolso. No caso de Cristiano José da Silva, 23, isso aconteceu gradativamente. Primeiro, trocou o ônibus por uma bicicleta, quando já economizava no dinheiro da passagem.

Nando Chiappetta / Esp. DP
Porém, ao equipar a bicicleta e sofrer um assalto, decidiu economizar ainda mais quando a trocou por um skate. O custo de manutenção é bem mais baixo. Visto como um investimento, a troca do shape, rodas e rolamento saiu po R$400, há três anos. “A minha bicicleta era no modelo BMX, que já sai mais cara de fábrica. Ainda tinha alguns acessórios que acabavam chamando atenção na rua, pelo preço de revenda. Juntando uma paixão ao fato de me locomover com rapidez e segurança – já que o skate não chama atenção de ladrões – eu decidi trocar de vez”, explica.

Já, o caso de Gabriela Martins, de 29 anos, foi um pouco diferente. A falta de equilíbrio sempre foi um problema particular da moça, que teve que ser superado em 2014, quando um patinete motorizado de presente de aniversário e foi amor a primeira vista. Resolveu usar o patinete primeiramente como um hobby, nos finais de semana, mas depois começou a ir trabalhar com o brinquedo. De casa, na Várzea, ela vai até o trabalho, no Bairro do Recife, uma viagem de quase 30 km diários.

A moça, que já teve uma bicicleta dobrável, conta a preferência ao patinete pela liberdade. “Quando eu tinha uma bicicleta dobrável eu ainda não tinha segurança suficiente para andar na rua. Então, eu acabava andando com ela no ônibus, em alguns momentos do meu percurso, e as pessoas ficavam incomodadas com o espaço que eu acabava ocupando. Com a patinete, não dependo mais do transporte público, o que é um alívio”.

Eduarda Bagesteiro

Eduarda Bagesteiro

Repórter

Eduarda é estudante da Universidade Católica de Pernambuco e estagiária do Diario desde março de 2017. Escreve para a editoria de dados do jornal, no projeto CuriosaMente. Alta, prefere andar de carro mesmo porque cair seria potencialmente fatal.

Shilton Araújo

Shilton Araújo

Fotógrafo

Shilton é estudante de fotografia na Universidade Católica de Pernambuco.

Nando Chiappetta

Nando Chiappetta

Fotógrafo

Nando integra a editoria de Fotografia do Diario desde 2010.