Jeremias venceu câncer no olho aos 3 anos de idade

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Menino está curado de um dos tipos mais raros do câncer, que sofre com escassez de estatísticas e atinge pessoas que sequer sabem que estão com a doença

A difusão de informações e diagnóstico do câncer avançou de forma significativa ao longo dos anos. Mas ainda há os tipos menos conhecidos da doença, como o câncer nos olhos que, de tão raro, não possui sequer dados estatísticos a seu respeito. De acordo com o oftalmologista Alexandre Ventura do Instituto de Olhos Fernando Ventura (IOFV) essa ausência se dá pela raridade deste tipo da doença. “O câncer nos olhos é muito raro e, no Brasil, não são catalogados. Ainda assim, atinge uma grande parcela de pessoas que nem sequer sabe que o possui”.

Arquivo Pessoal

Jeremias, natural de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, atualmente com três anos e meio de idade, é um dos pernambucanos que enfrentou o câncer nos olhos. Hoje curado, foi diagnosticado com Retinoblastoma (uma das variedades da doença) com apenas um ano de idade. Apesar de ter feito “teste do olhinho” logo após o nascimento, o exame não detectou a doença. Os pais do menino só descobriram o tumor depois de perceber que, nas fotos, aparecia uma mancha esbranquiçada no olho dele. O primeiro impulso da família foi procurar na internet o que poderia ser aquilo. Os sinais eram tão compatíveis com Retinoblastoma que eles levaram Jeremias imediatamente ao oftalmologista e lá foi, de fato, comprovado o câncer no olho direito. “Graças a Deus só estava no olho direito. Ficamos com medo de estar em outros lugares”, conta a mãe de Jeremias, Jamilly Bezerra.

O tratamento começou imediatamente e foi realizado durante um ano e meio. Jeremias passou por todos os exames, fez tratamento por laser de 15 em 15 dias para a retirada do tumor e quimioterapia três vezes por semana. Infelizmente a quimioterapia não trouxe o resultado esperado e Jeremias precisou remover o olho. Em 30 dias, colocou uma prótese e foi liberado. Hoje, Jeremias faz revisão de três em três meses na Fundação Altino Ventura e no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) para saber se está progredindo positivamente. De fato, está. Recentemente a família recebeu a notícia de que Jeremias está curado. “Foi a melhor resposta que Deus podia ter dado pra nós. A primeira coisa que pensei quando soube do câncer foi ‘Acabou, meu filho vai morrer’”, conta Jamilly.

Dia 4 de fevereiro

No dia 4 de fevereiro é celebrado o Dia Mundial do Câncer. A data tem por finalidade conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção desta doença.

Arquivo Pessoal

 

 

 

 

 

 

 

 

Atenção aos olhos

De acordo com Alexandre Ventura, quanto mais velhos, mais reféns a todos os tipos de câncer ficamos. No caso do câncer nos olhos, a atenção do paciente à saúde visual é fundamental para, unido a exames oftalmológicos periódicos complementares, possibilitar o diagnóstico. O uso de óculos escuros e protetores solar também são aliados. “É preciso estar atento se os produtos utilizados são oftalmologicamente testados”, ressalta Dr. Alexandre. Caso a doença seja confirmada, o tratamento deve ser iniciado considerados a localização, o estadiamento (processo que define a extensão do câncer), o estado de saúde geral do paciente, as chances de cura e o possível impacto do tratamento na visão. Quanto mais rápido o diagnóstico, maior chance de cura, possivelmente, ainda mais comum no futuro. Para Alexandre, a terapia genética pode vir a ser uma grande aliada, uma vez que testes sanguíneos indicarão a propensão de muitas doenças, ajudando na prevenção.

Retinoblastoma

O tipo de câncer que Jeremias teve é o mais comum em crianças. Se descoberto de maneira precoce, tem 90% de chance de cura e pode ser diagnosticado no teste do olhinho, embora não tenha sido o caso dele. O teste consiste no uso de uma lanterna em que o médico consegue ver toda a estrutura dos olhos. Esse tipo de câncer atinge a retina devido a um defeito genético. Se não for tratado, tem a capacidade de progredir e invadir outras estruturas, como o nervo óptico e até o cérebro. Alguns dos seus sintomas são a mancha esbranquiçada na incidência de luz e o estrabismo.

Linfoma Intraocular

Os linfomas têm origem no sistema linfático. Nesse caso, é importante tentar evitar a disseminação para o cérebro ou medula espinhal. Quimioterapia ou radioterapia externa são os tratamentos principais para isso. A maioria das pessoas com linfoma intraocular é idosa ou têm problemas no sistema imunológico, como a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Melanoma Intraocular

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), outra derivação do câncer nos olhos é o Melanoma Intraocular. Ele é o tumor primário mais comum nos adultos acometendo igualmente homens e mulheres entre 45 e 60 anos. Pode afetar a úvea, porção interna do globo ocular, a membrana que recobre a parte branca do olho e a superfície interna das pálpebras. Ligado á isso, o Melanoma tem a capacidade de acarretar perda parcial ou total da visão, e sintomas como flashes luminosos. Em sua maioria, não apresenta sinais visíveis que causam estranhamento.

Isabela Veríssimo

Isabela Veríssimo

Repórter

Isabela Veríssimo é estagiária da editoria de Mídias Sociais do Diario de Pernambuco desde setembro de 2016. Atualmente, integra a equipe do CuriosaMente.