Análise cerebral é capaz de indicar intenção criminal

Wikipedia/Reprodução

Neurocientistas usaram exames cerebrais para analisar a diferença entre pessoas que cometeram crimes propositalmente e pessoas que infringiram a lei por imprudência. É a primeira vez que a intenção de cometer atos criminosos ou não foram decodificadas em um escâner real da atividade cerebral.

Os pesquisadores acreditam que isso coloca os debates sobre culpabilidade criminal em um solo científico mais firme, mas que isso não deve tirar a decisão das mãos da corte. Além disso, cientistas só conseguem decifrar as intenções das pessoas quando elas estão cometendo atos criminosos simulados pelos pesquisadores. “Na maioria dos casos, quando alguém está cometendo um crime, eles não fazem isso dentro de um escâner”, indica o estudo publicado pelos cientistas.

O tipo de punição que o criminoso recebe pode ser profundamento influenciado pela intenção dele quando o crime foi cometido. Se uma pessoa mata uma família por atropelamento, a penalidade para um caso de direção irresponsável é muito menor do que se o atropelamento for proposital.

Entretanto, enquanto os juízes tinham que decidir se a pessoa teve ou não a intenção de infringir a lei, nunca esteve claro se um crime proposital e um crime por imprudência refletem a forma como o cérebro do criminoso trabalha. Os cientistas examinaram a sonda do cérebro de 40 pessoas enquanto elas participavam de uma tarefa online; a atividade oferecia recompensas para quem passasse malas por uma fronteira. Em alguns casos, as pessoas sabiam que a mala carregava drogas, em outros, o conteúdo da mala não estava tão claro. O risco da pessoa ser parada para revista na alfândega também variava.

Usando uma técnica de inteligência artificial, os pesquisadores descobriram que eles podiam identificar com muita precisão quem infringiu a lei conscientemente e aqueles que simplesmente se arriscaram. “Não se trata de fazer um experimento em alguém que estava sendo acusado de algo e reconstruir um estado mental para decidir se foi imprudência ou se foi premeditado”, explicou Read Montague, neurocientista computacional que liderou o estudo na Virginia Tech Carilion Resarch Institute ao jornal britânico The Guardian. “Mas é um ponto inicial para começarmos a levar essas coisas a sério e perguntarmos qual é o sentido que está nesses limites da razão.”

Os cientistas querem fazer o mesmo teste em milhares de pessoas para poder tirar conclusões fortes. Com mais imagens do cérebro dessas pessoas, eles vão poder identificar quais são as áreas do cérebro envolvidas nesse processo e o que faz diferença em seu desenvolvimento, como remédios que as pessoas usam, transtornos mentais e mudanças em padrões de comportamento cerebral.

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